O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) anunciou na quinta-feira (28) que a inflação oficial do país deve encerrar o ano de 2024 em 4%, alinhando-se com a meta estabelecida pelo Banco Central.
A análise trimestral realizada pelo Ipea, mantendo as expectativas anteriores divulgadas em dezembro, destaca uma mudança no comportamento esperado da inflação.
Os pesquisadores Maria Andréia Parente Lameiras e Marcelo Lima de Moraes observam que, no início do ano, os preços dos alimentos exerceram maior pressão sobre os consumidores. No entanto, houve um alívio nos serviços de educação em fevereiro, resultando em uma revisão para baixo das projeções de aumento nos serviços livres, que incluem transportes, recreação, serviços médicos, comunicação, entre outros.
“Evolução dos Preços e Perspectivas: Análise do Ipea para 2024” – Especialistas do Instituto apontam que, enquanto a inflação de alimentos subiu de 3,9% para 4,1%, influenciada pelos aumentos acima do esperado nos dois primeiros meses do ano, a previsão para os serviços livres recuou de 5% para 4,8%, refletindo um ajuste mais moderado nos serviços de educação (6,3% em comparação com os 7,5% previstos anteriormente).
No entanto, os pesquisadores alertam para a possibilidade de fatores internacionais impactarem a inflação, como um aumento no crescimento global e o fim de conflitos armados que afetam as cadeias de suprimentos.
A estimativa do Ipea, vinculado ao Ministério do Planejamento e Orçamento, diz respeito ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Desinflação em Curso – O Ipea identifica um processo de desinflação na economia brasileira. Segundo o instituto, em fevereiro, a inflação acumulada em 12 meses registrou queda pelo quinto mês consecutivo, atingindo a taxa de 4,5%, 1,1 ponto percentual abaixo do mesmo período em 2023. No ano passado, o IPCA fechou em 4,62%.
O estudo também prevê que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) encerre 2024 em 3,8%. O INPC mede o aumento do custo de vida das famílias com renda de um a cinco salários mínimos, enquanto o IPCA amplia a amostra para até 40 salários mínimos.
Alinhamento com a Meta de Inflação – A projeção do Ipea de 4% para o IPCA em 2024 está dentro da meta estabelecida pelo Banco Central (BC), que é de 3% com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Essa projeção dentro do intervalo é um dos fatores que permitem ao Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reduzir a taxa básica de juros da economia, a Selic.
Uma Selic mais baixa tem o potencial de estimular o crescimento econômico, assim como a geração de emprego e renda.
Desde a última reunião do Copom, em 20 de março, a taxa está em 10,75% ao ano.
Na terça-feira (26), o IBGE divulgou o IPCA-15, considerado uma prévia da inflação, que acumula 4,14% em 12 meses.
