
Na manhã desta sexta-feira (13/09), dois trabalhadores terceirizados caíram de uma altura de aproximadamente 6 metros enquanto atuavam em uma obra no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia. De acordo com o Corpo de Bombeiros, os operários estavam em uma plataforma de segurança acoplada ao prédio em construção quando caíram de uma altura equivalente a dois pavimentos. Os trabalhadores foram socorridos conscientes, com dores nas pernas, e encaminhados para o Hospital de Urgências de Goiás (Hugo).
A CMO Construtora, responsável pela obra, informou que os operários eram terceirizados especializados e afirmou que o acidente foi causado por uma falha humana no momento de fixar o cinto de segurança à linha de vida — um equipamento essencial para prevenir quedas, composto por cabos de aço. A construtora destacou que o uso inadequado do equipamento resultou na queda dos trabalhadores.
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Segundo o G1 Goiás, o incidente ocorreu em uma obra localizada no Setor Pedro Ludovico, próximo ao Parque Areião, uma área de grande movimento devido ao crescimento das construções verticais. O acidente gerou preocupação sobre as condições de segurança oferecidas aos trabalhadores terceirizados, que muitas vezes enfrentam uma supervisão mais distante e menos rigorosa por parte das empresas responsáveis pelas obras.
Relatórios da Agência Brasil mostram que o setor da construção civil no Brasil registra altos índices de acidentes, especialmente relacionados a quedas de altura. Em muitos casos, a falta de treinamento adequado e o uso incorreto de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) são fatores determinantes para esses incidentes. A correta utilização de EPIs é uma exigência legal, mas a fiscalização insuficiente e a pressão por prazos comprometem a segurança dos trabalhadores.
Posicionamento das autoridades
A Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) de Goiás informou que está acompanhando o caso e que uma vistoria será realizada para verificar se as Normas Regulamentadoras (NRs) de segurança no trabalho estavam sendo respeitadas. A SRTE ressaltou a importância de uma supervisão rigorosa em obras de grande porte, especialmente quando envolve operários terceirizados, que podem ser mais suscetíveis a falhas no cumprimento das normas de segurança.
Análise Crítica: Terceirização e segurança no trabalho na construção civil
O acidente ocorrido na obra da CMO Construtora levanta questionamentos importantes sobre a segurança dos trabalhadores, especialmente quando se trata de mão de obra terceirizada. Embora a construtora tenha afirmado que o acidente foi causado por uma falha humana, é necessário considerar o papel da supervisão contínua e do treinamento adequado para garantir que Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) sejam utilizados corretamente.
A linha de vida, citada como o equipamento responsável pela proteção dos trabalhadores em altura, é fundamental em atividades de risco. No entanto, sua eficácia depende de como é utilizada e, mais importante, da forma como os operários são treinados e monitorados. A terceirização, prática comum no setor da construção civil, pode enfraquecer esse monitoramento, já que os trabalhadores terceirizados muitas vezes não têm o mesmo nível de integração com a equipe da empresa contratante.
Especialistas em segurança do trabalho ouvidos pelo Jornal DF Info destacam que o Brasil ainda enfrenta sérios desafios quanto ao cumprimento das Normas Regulamentadoras de segurança no setor da construção civil. Embora as NRs forneçam diretrizes claras, a aplicação dessas normas nem sempre ocorre de maneira eficaz, especialmente em obras de grande porte, onde prazos apertados e o alto volume de trabalho podem comprometer a segurança dos operários.
Além disso, a terceirização de mão de obra, enquanto uma prática amplamente utilizada, traz o risco de uma divisão de responsabilidades. Quando os trabalhadores terceirizados não estão diretamente subordinados à equipe de supervisão da obra, pode haver falhas na comunicação e na aplicação dos procedimentos de segurança.
A crescente verticalização em áreas como o Setor Pedro Ludovico, onde o acidente ocorreu, exige uma fiscalização mais intensa para garantir que os operários, sejam eles terceirizados ou não, estejam devidamente protegidos contra os riscos inerentes ao trabalho em altura. Construtoras devem adotar uma abordagem mais proativa, assegurando que todos os trabalhadores recebam o treinamento necessário e que os EPIs sejam usados corretamente.
Esse acidente reflete a importância de uma cultura de segurança que vá além da simples entrega dos equipamentos de proteção. A conscientização sobre os riscos, o treinamento contínuo e a fiscalização ativa são fundamentais para evitar acidentes e garantir a integridade dos trabalhadores da construção civil.